segunda-feira, junho 20, 2011

A quem (ainda) não se conhece.



Querido Anônimo,

 
Espero que esteja tudo bem com você. Ao reler meus textos percebi que você é uma pessoa sempre presente neste espaço. Agora, minha curiosidade sobre sua existência, que sempre houve, diga-se de passagem, me impele a estabelecer comunicação, já que durante estes anos de compartilhamento da minha intimidade e das minhas fantasias nutri muitas dúvidas sobre você ou vocês. Esse é o meu principal questionamento: o Anônimo sempre presente é a mesma pessoa? São Anônimos distintos?

Desculpe se estou sendo deselegante em impor a exposição que você(s) sempre quis(eram) evitar. Mas quando minha curiosidade aperreia meu juízo, esses pensamentos intrusivos não me deixam mais em paz. Eu fico pensando se você é alguém próximo, alguém que eu já tenha visto por aí e em porque eu nunca pensei numa forma de saber quem você é. Também me pergunto o motivo de sua esquiva, da opção de ser uma pessoa sem nome. É por comodidade? Por pressa? Por vergonha? É algum amigo que sempre esquece de se identificar?

Mais uma vez me desculpo por ser invasiva, afinal, se você(s) nunca se indentificou(aram) deve haver uma boa razão pra isso. Mas peço também que entenda(m) a minha curiosidade. De qualquer forma, agradeço pelas visitas quase constantes. Agradeço pelos comentários sempre gentis. Se nunca estabeleci contato não foi por negligência, foi pela demência que me acompanha toda a vida. Não sei porque nunca pensei nisso: em usar este espaço, a minha escrita pra dar nome a quem (ainda) é desconhecido pra mim. Saiba que fico feliz em saber que o que produzo neste lugar é interessante pra você.

Seja sempre bem vindo à minha casa.

sábado, junho 11, 2011

Sobre o amor e datas comerciais

Oh, my friend. Love is the end. (KEANE)


Dia das mães. Dia dos Pais. Dia dos Namorados. Natal. Não passam de datas comerciais que  só servem pra dar sentido à engrenagem capitalista de perspectiva de mercado. Perspectiva que nos engole a cada movimento cotidiano. É o que dizem os socialistas mais fervorosos e mais descrentes. Tudo bem: faz sentido. O que não faz sentido é alimentar delírios persecutórios de dominação do mundo pelas forças malévolas da política e economia. Ter consciência sobre a realidade é importante, é uma ferramenta de defesa até, mas se for pra surtar, eu prefiro uma alienação mais prazerosa a uma revoltinha ressentida. E é mais prazeroso pensar que o mundo é lindo e que as pessoas são boas. É mais funcional, pelo menos. Enfim, a medida é sempre o bom senso.

Pois bem. Essa conversa fiada toda é pra falar do dia dos namorados. Tá parecendo a introdução de um artigo de sociologia, mas é um texto sobre o amor. Eu sei que meu lado romântico anda embotado, mas ainda há romance neste coração e nesta alma. Não é um romance florido, cintilante, de quem é pleno por amar e ser amado. Não é aquele romance açucarado, cheio de tatibitate, mas é romance. Meio lilás, com nuances de cinza e com um leve toque de gliter. É verdade que o dia dos namorados, como os outros períodos já citados, é uma data inventada pra vender mercadoria, até porque ninguém precisa de um dia específico pra valorizar a quem se ama: seja pai, mãe, amigo(a) ou namorado(a). Mas como também separamos um dia do ano pra comemorar nossos aniversários, apesar de vivermos do mesmo jeito em qualquer outro dia das nossas vidas, acho digno celebrar. Por outro lado, sou obrigada a admitir, sem catastrofizar, porém: nesse mundo louco e acelerado, é preciso que o comércio e o calendário nos lembrem que, de vez em quando, é uma boa dizermos um “Eu te amo”.

Sem falar em valores ou em presentes, qualquer data que celebre o amor merece consideração. Amor sim é um bem durável. Mais valioso que qualquer anel, pulseira, relógio, flores ou jantares à luz de velas. Tudo isso vale pra tornar as coisas mais especiais, mas tem que ser a cereja do bolo e não todo o sentido da comemoração. O que vale a pena celebrar é a sensação boa de ter alguém na nossa vida que, junto a tantas outras pessoas queridas, mas de forma diferente, nos ajuda a treinar a tolerância, a boa convivência, os vínculos saudáveis, os afetos, a confiança nas pessoas, a segurança de ser amparado emocional e fisicamente, a sensação de suporte e de necessidade de investir afetivamente. Enfim, além de uma data específica ou de qualquer interesse comercial, o amor ainda é a finalidade de tudo.

Feliz dia dos namorados aos que amam com sensibilidade, dedicação e sensatez. Aos que amam com loucura e com entrega desmedida e também aos que ainda não desistiram da busca por terem fé no amor que deve estar pra chegar junto com a pessoa certa (ou com a errada).