
Ainda hoje tenho trauma desse período de fim de ano, cheio de lembranças terroristas sobre expectativas e pressões pra provar p’ros outros que você é alguém na vida, um ser inteligente, digno de ser orgulho da família. Essa musiquinha chata que diz: “...pode soltar foguete que eu passei no vestibular...”e a divulgação da lista de convocados nas rádios me dão calafrios, por que não me recordo de sensações muito boas a esse respeito.
Esse fim de semana pude reviver esses momentos de terror, só que sob outra perspectiva. Dessa vez eu estava do lado de lá, cuidando para que os nobres candidatos não burlassem as normas do concurso mais temido quando termina o Ensino Médio, o divisor de águas pra maioria de corações esperançosos em atender às exigências do papai, da mamãe e de um monte de gente que nem se conhece, mas pra quem seja preciso provar que você não é “um caso perdido”.
Eu ficava lá, na minha posição coercitiva de fiscal (pelo menos era a idéia que aqueles olhares inquisidores e hostis deixavam transparecer sobre mim), observando cada rosto agoniado, cada expectativa derramada na ponta do lápis e alguns pedaços de papel, os “kits sobrevivência” compostos de água mineral, chocolates e doce de todo tipo pra aliviar a ansiedade. Eu queria falar pra alguns mais decepcionados com o próprio desempenho que aquela prova não media conhecimento de ninguém, pelo menos não como deveria, afinal resolver oitenta questões de biologia, química, matemática e física não constata necessariamente que alguém seja inteligente. Se teve uma coisa que eu aprendi nessa vida é que inteligência é uma coisinha difícil de se definir e que abrange coisas muito mais amplas do que essa mediocridade de decorar equações que não fazem nenhum sentido na vida prática pra maioria.
Eu queria dizer alguma palavra reconfortante p’ros que não conseguissem um bom desempenho, que essa caça desesperada por um “curso de renome” (e o que define mesmo um curso de renome??? Nem sei, mas os argumentos que me deram ainda não me convenceram.) é uma exigência e necessidade de nossos pais e não nossa, embora eu entenda que no fundo só se queira o nosso “bem” e um salário de seis dígitos no fim do mês (ILUSÃO!...descobri hoje que um médico plantonista ganha uma miséria, dependendo, é claro, da perspectiva de miséria de cada um...TÁ VENDO, MAMÃE!).
Eu queria falar, mas não podia, por que também sei da selva onde vivo e das teorias sociais lindas que criei e vi serem destruídas sem piedade na minha breve história no movimento estudantil. Sei, por que aprendi na prática, que por mais que você prove e comprove a competência que domina, seu valor só vai ser atribuído diante de sua conta bancária e o status social de sua profissão (e quem arbitrou sobre que profissão merece ser mais valorizada?). Sei que não adianta agir com conduta ética e se utilizar de meios lícitos pra lutar por uma causa que você julgue justa se toda sua ideologia é esmagada por forças políticas muito maiores que seu desejo por justiça. E sei também que preciso seguir normas pra poder conviver do jeito que me é possível, pra não me tornar uma misântropa. Então as segui, quase todas (POR EXEMPLO: Ordem da coordenadora: Fiscal não pode sentar, tem que ficar em pé do começo ao fim...MINHA CONDUTA; ora!!!...Como assim??? Não pode sentar por quê??? A gente acorda ás cinco e meia da manhã, fica mais de quatro horas em pé e não pode sentar??? CLARO QUE PODE!!! SENTEI MESSSSSSSSSMO!). Se podia fazer alguma coisa, era não reforçar essa posição de autoridade que nos obrigam a tomar só pra deixar os pobres vestibulandos mais apreensivos.
Enfim, a única coisa que pude fazer de fato foi desejar silenciosamente que os que passassem pela peneira injusta do vestibular pudessem utilizar seus conhecimentos para algo prático e útil para a vida que resta pela frente, que as idéias alienadas trazidas do Ensino Médio fossem deixadas nas carteiras do colégio.
Boas vindas a esse mundo insano e perturbador e que tudo que lhes fizer mais sentido seja possível de ser realizado!!!
Esse fim de semana pude reviver esses momentos de terror, só que sob outra perspectiva. Dessa vez eu estava do lado de lá, cuidando para que os nobres candidatos não burlassem as normas do concurso mais temido quando termina o Ensino Médio, o divisor de águas pra maioria de corações esperançosos em atender às exigências do papai, da mamãe e de um monte de gente que nem se conhece, mas pra quem seja preciso provar que você não é “um caso perdido”.
Eu ficava lá, na minha posição coercitiva de fiscal (pelo menos era a idéia que aqueles olhares inquisidores e hostis deixavam transparecer sobre mim), observando cada rosto agoniado, cada expectativa derramada na ponta do lápis e alguns pedaços de papel, os “kits sobrevivência” compostos de água mineral, chocolates e doce de todo tipo pra aliviar a ansiedade. Eu queria falar pra alguns mais decepcionados com o próprio desempenho que aquela prova não media conhecimento de ninguém, pelo menos não como deveria, afinal resolver oitenta questões de biologia, química, matemática e física não constata necessariamente que alguém seja inteligente. Se teve uma coisa que eu aprendi nessa vida é que inteligência é uma coisinha difícil de se definir e que abrange coisas muito mais amplas do que essa mediocridade de decorar equações que não fazem nenhum sentido na vida prática pra maioria.
Eu queria dizer alguma palavra reconfortante p’ros que não conseguissem um bom desempenho, que essa caça desesperada por um “curso de renome” (e o que define mesmo um curso de renome??? Nem sei, mas os argumentos que me deram ainda não me convenceram.) é uma exigência e necessidade de nossos pais e não nossa, embora eu entenda que no fundo só se queira o nosso “bem” e um salário de seis dígitos no fim do mês (ILUSÃO!...descobri hoje que um médico plantonista ganha uma miséria, dependendo, é claro, da perspectiva de miséria de cada um...TÁ VENDO, MAMÃE!).
Eu queria falar, mas não podia, por que também sei da selva onde vivo e das teorias sociais lindas que criei e vi serem destruídas sem piedade na minha breve história no movimento estudantil. Sei, por que aprendi na prática, que por mais que você prove e comprove a competência que domina, seu valor só vai ser atribuído diante de sua conta bancária e o status social de sua profissão (e quem arbitrou sobre que profissão merece ser mais valorizada?). Sei que não adianta agir com conduta ética e se utilizar de meios lícitos pra lutar por uma causa que você julgue justa se toda sua ideologia é esmagada por forças políticas muito maiores que seu desejo por justiça. E sei também que preciso seguir normas pra poder conviver do jeito que me é possível, pra não me tornar uma misântropa. Então as segui, quase todas (POR EXEMPLO: Ordem da coordenadora: Fiscal não pode sentar, tem que ficar em pé do começo ao fim...MINHA CONDUTA; ora!!!...Como assim??? Não pode sentar por quê??? A gente acorda ás cinco e meia da manhã, fica mais de quatro horas em pé e não pode sentar??? CLARO QUE PODE!!! SENTEI MESSSSSSSSSMO!). Se podia fazer alguma coisa, era não reforçar essa posição de autoridade que nos obrigam a tomar só pra deixar os pobres vestibulandos mais apreensivos.
Enfim, a única coisa que pude fazer de fato foi desejar silenciosamente que os que passassem pela peneira injusta do vestibular pudessem utilizar seus conhecimentos para algo prático e útil para a vida que resta pela frente, que as idéias alienadas trazidas do Ensino Médio fossem deixadas nas carteiras do colégio.
Boas vindas a esse mundo insano e perturbador e que tudo que lhes fizer mais sentido seja possível de ser realizado!!!