segunda-feira, setembro 25, 2006

Se o futuro depensesse da profecia das mães...

“...acontece que eu não tenho escolha, por isso mesmo é que eu sou livre...”
HUMBERTO GESSINGER



Essa noite foi mesmo bizarra...às 5:30 da manhã eu não conseguia dormir porque dentre vários pensamentos preocupados sobre um projeto monográfico e sobre o fato de eu ser (ou me sentir) uma inútil comecei a divagar sobre meu futuro (profissional principalmente). Bom, o fato de ainda faltarem dois anos e meio pra eu sair da universidade não deve ser levado em consideração porque eu sofro mesmo por antecipação.

Fora a vontade de estagiar (e se eu não fizer algo de prático, minha vontade permanecerá por um tempo considerável) e de adquirir certa independência financeira, fiquei pensando como seria minha vida se as profecias da mamãe se confirmassem. Não é nada reconfortante pra mim a idéia de continuar dependendo dos meus pais depois que me formar (desconfio que não são estes os planos que eles fizeram pra mim) e amo de verdade meu curso, mas sei que a carreira que escolhi pra seguir não garante necessariamente um campo promissor no que se refere à status e posição financeira.

Talvez seja exatamente por isso que gosto tanto de Psicologia, porque sempre fui do contra e apesar da minha preguiça de existir, nunca dei valor ao que veio fácil demais.
Fiquei pensando em como a gente passa uma vida inteira sendo preparado pra o único propósito de arrumar um emprego e ter “sucesso” e isso é, definitivamente, planejado desde o exato momento em que somos postos no mundo (perguntem aos seus pais!). Lembrem-se das cobranças pra ser excelente em tudo, excelente filho, irmão, estudante, amante, profissional, amigo, ser humano e ainda respirar ao mesmo tempo (só pra enfatizar o quanto é difícil.).

Já não basta ter que existir, você tem ainda que ter consciência desta existência e de todas as frustrações embutidas, além da sensação de impotência diante de certos fatos, da sua incapacidade de prever o futuro e do fardo que é ter que fazer escolhas Eu também sei que por mais que eu tenha a nobre intenção de salvar a humanidade de seus males e sofrimentos (e que bela utopia essa!) não seria valorizada a menos que tenha, no mínimo, uns dez salários, meu pagamento por gesto tão humanitário, envolvidos neste projeto. E sei ainda que ninguém nunca entenderá que eu quero ser útil e ter uma função no mundo, não um título. De verdade, sinto muita pena da mamãe, pois sei da frustração que ela carrega por não ter uma filha formada em medicina pra mostrar pra família (e eu não a culpo por isso!).

Já tentei, de todas as formas imagináveis (e inimagináveis também), fazê-la entender que o fato de tornar-me uma alienada a um status social e ao prazer de subjugar os reles e ignorantes mortais que (pobres criaturas...tsc tsc) desconhecem os poderosos conceitos anatômicos e fisiológicos, mal sabendo onde ficam o giro hipocampal e o sistema límbico, não me interessa mais. (já interessou um dia, até eu descobrir que o interesse era imposto!). Pra falar esteticamente a verdade, acho aqueles jalecos horríveis e incompatíveis com o calor de Teresina (fazendo menção aos profissionais que usam os jalecos como sobretudo pra intimidar e mostrar “poder”.)

Eu passo boa parte do meu tempo me perdendo nas minhas historinhas imaginadas onde eu posso ser quem sempre desejei, até chegar alguém realista o suficiente pra me mostrar que o Bob aqui (fazendo uma alusão ao Fantástico Mundo de Bob) não vai conseguir muita coisa na vida só pensando.
É por isso que há momentos em que eu quero ser mesmo uma ameba, só pra não ter que viver mais que o necessário se não me for conveniente, ou então virar poeira cósmica e simplesmente perder a consciência do que sou (ou deveria ser).[isso só acontece num nível de insatisfação extrema e insuportável comigo e com o mundo, o que não é todo dia.] .

Tenho a impressão que meu otimismo exagerado e o amor ás causas perdidas, mencionados na postagem anterior, ainda vão me matar um dia, mas prefiro continuar acreditando que tudo dará certo no final. Pelo menos é mais cômodo e confortável, afinal, no meio de tanto pensamento sem sentido deve haver algo de motivador pra eu desistir de querer ser uma ameba!

4 comentários:

Anônimo disse...

oi amiga!!!!!
nossa vc ta levando ms a serio o blog..eu vi vc na calada da noite escrevendo no celu o texto.eu tentei mas n consegui expressar meus sentimentos mas posso dizer q ta tudo aqui e acho q tenho tentando digerir tudo.
beijos

Anônimo disse...

AMEBAS UNIDAS JAMAIS SERÃO VENCIDAS!

Bem vinda...ihhhhhhhhh, tu faz que nem eu...fica anotando no celular o que tá pensando...é a febreeeeeeeeeee...ihhhhhhhhh...eu te disse! Quando quiser conversar sobre "escrever" me procura...sinto falta de poder falar disso com naturalidade!

Olha, to sentindo tudo assim também1 Sei nem pra onde correr, não sei o que estudar...to perdido...e nunca atenderei expectativas de mãe, nunca mesmo!

Gostei do texto! Sério...

Anônimo disse...

Vou te falar o que uma grande amiga me disse:não importa o tamanho do campo profissional,o que importa é o tamanho do profissional!
Então amiga,se dedica e seja amelhor,que tudo vai dar certo...quanto a tua mãe,diz pra ela,que se tu for psicologa clinica ou hospitalar,tu vai usar jaleco,será que ela se conforma?rs.brincadeira...

te amo!

xero!

Anônimo disse...

Nossa...é impressionante como esse texto veio diretinho p/ mim. Como no Neto disse, eu tb me sinto exatamente dessa menira. TOTALMENTE PERDIDA. Acho que tb gostaria de ser uma ameba, ou qqr coisa q nuam tivesse q ter as preocupações existenciais q nós temos!!!!!!
te amO!!!!!!!!
bjos