sexta-feira, julho 23, 2010

Reflexões filosóficas sobre a síndrome do dever cumprido!


"Ora bolas, não me amole com esse papo de emprego. Não está vendo? Não estou nessa. O que eu quero? Sossego. Eu quero sossego"(TIM MAIA).

Depois de vários meses de trabalho (manual e intelectual) escravo, de cansaço, esgotamento físico e mental, de preocupações sem fim não há absolutamente nada para fazer. Não é preciso acordar cedo para qualquer compromisso que seja e, assim, também não é mais preciso dormir cedo e perder tudo o que acontece depois da meia noite só pra não acordar com cara de alcóolatra e levantar suspeitas no trabalho. Enfim, isso é a paz que as férias trazem. Paz que eu me desacostumei a sentir porque eu não consigo entender essa sensação de estranhamento. Se consegui minha alforria temporária por que eu ainda sinto culpa por acordar às 11:30? Que expectativa é essa por algum compromisso velado, obscuro, que vai me pegar de surpresa assim que eu relaxar de verdade [minha paranóia diária]? Os sonhos recorrentes sobre retorno ao trabalho é sintoma de estresse pós traumático [as chamadas revivescências]? Então, é isso: eu me alimento das minhas preocupações? Eu me acostumei à rotina maçante da vida adulta? Ou essa falta é reflexo da minha condição de histérica, já que sem nada pra me preocupar perderei meu papel de vítima no mundo? Como poderei me lamentar pelas noites mal dormidas, pela má alimentação, pelos trabalhos eternos do monstrado [trocadilho infame pra mestrado]? Se é mesmo a histeria que me sustenta, quer dizer que sem problemas pra lamentar eu perco a identidade? Logo eu, que nunca tive problemas com o ócio não estou sabendo lidar com ele? Será que eu me transformei em um pokemón evoluído? Será que minha procrastinação é fruto da minha dinâmica neurótica ou só um jeito de provar que eu consigo sim fazer um artigo de 18 laudas em dois dias [a qualidade do mesmo não está em questão]? E o que significa este texto? Desorientação pelo ócio mal administrado, abstinência da rotina brutal da vida adulta, culpa por assumir que gosto de ser preguiçosa ou resultado da ingestão exagerada de chá de noz moscada? Resposta: todas as alternativas anteriores. 

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