segunda-feira, setembro 27, 2010

Sobre as (in)verdades da vida virtual-real-virtual-real...


[...] nenhum ser humano suporta o real se não trabalhá-lo simbolicamente, se não aplacar sua estranheza através da dotação de sentido e de significado [...]
ALBUQUERQUE JÚNIOR (p.27:2007)

Não se enganem, queridos leitores, ao achar que tudo o que há aqui é a mais pura verdade. Na verdade é verdade. Só que uma verdade inventada, recriada, floreada e perfumada com exagero. Porque a vida, meus caros, crua, sem recursos de percepção é sem graça. O que torna a vida melhor é o olhar que damos a ela. É um trabalho criativo, realizado com lentes de aumento coloridas. Tudo o que é registrado aqui são acontecimentos recontados pela fluidez dos delírios que fazem parte das memórias de uma criatura que não faz outra coisa na vida senão imaginar como as coisas poderiam ser ou teriam sido. É porque assim fica tudo mais bonito, mais poético e mais interessante. Este é um espaço que é partilhado por muitas vidas, por muitos alteregos e o que surge em documento, não passa de um híbrido de realidade-fantasia cujas fronteiras não se definem. Porque se eu não tiver espaço pra recriar a vida, pra consertar meus erros, pra ressignificar diálogos, decepções e perdas, pra tornar um evento qualquer passível de cair no esquecimento algo mais glorioso não vai adiantar escrever. Eu escrevo pra proporcionar outras leituras sobre a mesmice cotidiana. Eu escrevo pra não enlouquecer. Pra não adoecer. Por isso, eu não escrevo pra confirmar a existência que eu já tenho. Eu escrevo pra inventar uma vida mais sofisticada. Pra colocar um pouco de brilho no opaco. Pra tornar concreto o que eu sempre tive vontade de dizer e nunca disse pra pessoas que nunca souberam da minha existência. Eu escrevo, sobretudo, pra libertar os fantasmas do meu pensar que quase sempre é quase mais rápido que o Papa Léguas. Pronto! Acabei com o romance, com o florido e com o poético nesta última linha. Eis o meu pedaço de vida real neste texto.

Um comentário:

Juliano Matos disse...

muito lindo o seu pensamento, compartilho dele mas não tenho o dom de expressar assim tão bem