segunda-feira, setembro 20, 2010

Sobre o Fantástico Mundo Moderno de Janna HistÉrica

"Ah, e eu sei fazer um homem rir e não é da minha cara".
TATI BERNARDI

Quando eu era criança pequena lá em Barbacena minhas fantasias giravam em torno de super-heróis e desenhos animados. Na minha imaginação os Changeman sempre estavam quase chegando pra me visitar e o Snoopy tava quase passando pra a gente dar uma volta de avião. Não que eu seja louca. Na verdade eu sou crédula demais. Minha mãe mentia pra suportar meu excesso de energia e eu acreditava porque nunca deixei de acreditar em nada que eu achasse bonito e justificável nessa vida. Nem os Changeman nem o Snoopy apareceram pra me buscar nesses dias de espera, mas esperar por eles tornava minhas tardes mais interessantes e movimentadas porque eram cheias de expectativas e frustrações e isso fez de mim uma adulta mais tolerante e resiliente.

Na minha adolescência eu acreditava que poderia morar com os Backstreet Boys numa mansão de luxo em Hollywood. Nos meus sonhos a gente se dava muito bem, se divertia um monte falando mal do N’Sync e eles sempre acatavam qualquer opinião minha sobre música ou coreografias rebolativas. Depois dos Backstreet Boys veio o Axl Rose e depois dele Kurt Cobain. Não é porque a pessoa morreu quando você nem namorava que não pode merecer uma dose de atenção. Um belo dia, antes de desconfiar que ele não me desejaria a menos que eu fosse a cara do Ben Affleck, eu me apaixonei perdidamente pelo Ricky Martin e nos meus sonhos, nós nos conheceríamos por acaso, na fila do supermercado, quando ele viesse pro Piauí se esconder da vida massacrante de Pop Star. Em mim ele encontraria toda a paz que o mundo de celebridades não era capaz de oferecer Foi por causa dessas pessoas que aperfeiçoei meu inglês, meu espanhol e comecei a fazer a sobrancelha.

Agora eu cresci. Sou uma adulta adoecida pela rotina. Mas minha imaginação continua ágil como nos velhos tempos. Hoje, imagino casos de amor intensos e cheios de profundidade com sujeitos não tão ilustres, mas inteligentes, bonitos, gentis e que entendem meu senso de humor. Nas minhas conversas imaginárias o homem da minha vida que eu encontrei despreocupadamente na fila do cinema racha o bico de rir das minhas piadas e trocadilhos. E me acha a pessoa mais inteligente, mais bem humorada, mais bonita e mais simples e complexa do mundo. E com ele eu não sou incoerente. E minha visão de mundo e de ser humano me faz ser as mulher mais compreensiva. E até minhas neuroses são charmosas e motivo pra que meu charme se espalhe pelo universo. E, nos meus sonhos, eu sou muito sexy porque nem quero ser sexy. E toda essa falta de intenção cria em torno de minha pessoa uma luz, um brilho, um quê de não-sei-mesmo-o-que-me-encanta-nesta-mulher. E iluminada, brilhante, reluzente, inundada de criatividade que escapole em piadas bem articuladas com conhecimento de cultura geral, Filosofia, Sociologia e Psicologia eu deixo este homem inebriado de paixão. Louco por mim. E nesse momento minha vaidade pede o que eu tanto critico: que ele acredite piamente que não saiba mais viver sem mim, que ele acredite que tenha nascido no dia em que me conheceu despreocupadamente na fila do cinema. E quando ele verbalizasse isso em declaração apaixonada eu, muito condescendente e lisonjeada, passaria a mão em seus cabelos e diria que não precisa ser assim. Que ele tem uma vida inteira antes de mim e que sou apenas mais uma que chegou para animar a festa. É nesse momento que selamos nosso romance de serenidade, cumplicidade e intensidade. Só pra rimar no caso de um dia qualquer, em estado de demência, eu querer fazer um poema.

Se não fosse minha imaginação, se não fosse meu mundo fantástico, eu estaria ferrada!

Um comentário:

Leilianne disse...

o que seria da vida sem imaginação?muito chato..eu adoro imaginar.