[...] E num golpe de sorte Ela encontra novamente o Felizinho do Meio Dia, apesar da infinidade de transportes coletivos circulando pela cidade. Deve ser o Destino. É um pândego este menino!
Pelo canto de olho, Ela avista uma criatura com um catatau de livros nas mãos tentando manter o equilíbrio no coletivo quase desgovernado. Sua natureza gentil, que não aceita descortesias de nenhuma espécie a impele a oferecer ajuda. Segura os livros da criatura sem olhar para seu rosto, até mesmo porque sempre lembra da máxima cristã “Fazer o bem sem olhar a quem”. Dá mais uma olhadela de canto e percebe no sorrisinho do sujeito algo de familiar. É o Felizinho do Meio Dia.
Para não desconsiderar toda a boa ação do dia, nem a tolerância, que na maioria das vezes traz no coração, preferiu ignorar, apesar de ter vontade de devolver os livros e descer na parada mais próxima. Não desceu. Passou todo o percurso apreciando a paisagem para evitar contato visual e aproveitou que a condução estava lotada pra se fazer de louca. Não deu certo. Num minuto de vacilo e desatenção Felizinho do Meio Dia partiu pra seu plano maquiavélico e tirou essa da manga.
Felizinho do Meio Dia: Já leu? [referindo-se ao livro do Augusto Cury que estava em meio ao catatau de livros cujo título não se recorda, mas que tinha algo de “aprenda a ser sensível”]
Ela: Oi? [...] Não! [pensamento: não to a fim de conversar! Desde aquele dia, lembra?]
Felizinho do Meio Dia: Sério?! Não sabe o que tá perdendo.
Ela: Não gosto de auto-ajuda. [sorrisinho amarelo fingindo um resto de simpatia]
Felizinho do Meio Dia: Não?! [cara de paspalho estupefato] Mas você cultiva o hábito da leitura?
Ela: Um rum [visivelmente impaciente]
Felizinho do Meio Dia: Que tipo de livro você gosta?
Ela: Hein?
Felizinho do Meio Dia: QUE TIPO DE LIVRO VOCÊ GOSTA?
Ela: [pensamento: Eu entendi a pergunta, só tava ganhando tempo pra fugir!]
...três segundos depois....
Ela: um monte.
Felizinho do Meio Dia: Ah! Então você é egocêntrica?
Ela: [pensamento: hoje tem House. Acho que vou assisitir]...
...decodificação da pergunta depois de três segundos...
Ela: Como assim? Não entendi! [pensamento depois que entendeu a pergunta: MAS QUE PORRA É ESSA?]
Felizinho do Meio Dia: Você gosta de ler de tudo, não se prende a um só estilo...
Ela: Ah, é. Isso! [pensamento: é eclética, a palavra pra essa definição é eclética!]
Felizinho do Meio Dia: Mas o que você faz da vida?
Ela: [pensamento: essa pergunta de novo? Será que ele lembra de mim? Diz striper, rápido. Mas se ele lembrar de mim vai ficar feio...]
...dez segundos depois...
Ela: Nada! [...] [sorrisinho nervoso apontando a mentira descarada] Mentira. Faço Psicologia [pensamento: preciso exercitar meu cinismo]
Felizinho do Meio Dia: Nossa! [cara de paspalho encantado] Que legal! Sabe, uma vez encontrei uma psicóloga no ônibus. Mas não era você, se fosse eu lembraria...
Ela: [pensamento:Morri!] [sorrisinho amarelo já sem o resto de simpatia que havia]
Sem mais, levantou-se e desceu duas paradas antes. Caminhou dois quarteirões para esquecer do episódio e decidiu procurar um curso de striper no dia seguinte só pra não ter que mentir pra sujeitos desprovidos de noção em ônibus coletivos quando quiser cortar assuntos bobos.
2 comentários:
tu desceu 2 paradas antes?kkkkkkkkkkk...só tu mesmo.
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kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!
JANNAAAAAAAAAAA!
Eu quase MORRO DE RIR desse post!
Huahauhauahuahauh!
Me divirto muito aqui!
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