domingo, julho 19, 2009

Sobre rejeição e outros dilemas cotidianos


"Não foi capaz de sentir a dor de um não".
ANTES DO FIM: GRAM

E quem não tem medo da rejeição? Esse bicho-papão que não discrimina sexo, raça, auto-estima, religião ou situação econômica. Tiram-se do bolo dos medrosos apenas os narcisistas (pelo menos aparentemente, já que ao que todos os referenciais inconscientes e crenças disfuncionais indicam, eles têm bem mais medo do que nós; os inseguros e mortais).

No fim das contas, todo ser humano, em menor ou maior grau, tem medo de não conseguir suportar um não, um abandono, um "não te quero, gato(a)" e tenta se defender a qualquer custo; seja agindo como um louco sufocador ou mantendo tudo o que é de ordem afetiva com distância e indiferença.

Rejeição é um monstrinho difícil de suportar em qualquer circunstâcia. Se é você quem rejeita a culpa consome todos os seus pensamentos e tudo o que passa por sua cabeça são idéias de auto-flagelação por magoar o próximo (para os não-perversos e cristãos, nessa ordem, ou não) do tipo: "eu não sou uma boa pessoa"; "eu não mereço uma boa pessoa"; "eu mereço queimar no fogo do inferno". Você até preferiria ser a pessoa rejeitada pra se livrar do peso do remorso se não fossem as recordações do quanto se sofre quando não lhe querem, quando a reciprocidade não faz parte de sua vida, e neste caso, os pensamentos recorrentes são de total desprezo por si mesmo, tais como: "eu nunca fui amado(a)"; "eu sou a escória da humanidade"; "Porra! Até o Príncipe Charles tem alguem que diz amá-lo e eu não".

Moral da estória: com rejeição não se brinca! É uma massacre impiedoso. Mas há um jeito de evitá-la: afastar-se de toda experiência afetiva existente e viver como um fungo ou uma ameba, ou qualquer ser vivo, porém, descerebrado e sem consciencia de sua realidade. Por outro lado, caso você seja corajoso, pode ir fundo, sem reservas, como um bêbado dirigindo um caminhão no escuro e viver suas experiências sem pensar no que vem depois, sem pensar no coração partido e remendado milhões de vezes, sem pensar na desidratação que será consequência de todas as lágrimas vertidas por um ser-sem-coração, sem calcular nenhum dano iminente. Talvez esteja aí a graça de viver: a emoção de sempre ter que escolher entre se preservar e exixtir miseravelmente ou viver intensamente, mas cheio de fraturas expostas. Infelizmente não se pode ter tudo nessa vida!

2 comentários:

Raimundo Neto disse...

Affe. Tava esperando por esse texto.
Eu te daria uma coluna semanal na minha revista!
Eu sou um caminhão quase desgovernado. E é bom.
Quer carona?

Te Amo!

Leilianne disse...

lembrando que o principe charles é rico por isso conseguiu alguém para amar que diga de passagem é feia que come gente...kkkkkkkkk