sexta-feira, julho 31, 2009

Sobre os "caras legais"


Os caras legais são definitivamente um problema difícil de superar. Sei que se comparados aos "bad boys" não há o que temer, não há sequer graça ou aventura neles, mas tudo é só questão de perspectiva e da mistura certa. Portanto, quando falo em "cara legal" refiro-me àquele sujeito extremamente gentil e atencioso, mas também inteligente e com um senso de humor interessantíssimo. Ainda não enxergam o perigo? Pois bem. Na minha opinião os "caras legais" são extremamamente sedutores, astutos e uma incógnita. E o pior de tudo: o charme dessas pessoas é diretamente proporcional ao efeito ansiogênico que provocam.

Se pensarmos bem, os "caras legais" possuem uma estratégia reconhecidamente eficaz, fato que os coloca em uma situação bem mais confortável e segura ao mesmo tempo que nos deixa confusas e sem senso algum de direção. A natureza gentil (e sedutora) deles é dúbia, mas isso é parte constitutiva da "energia atrativa" que estes seres emanam ou pode ser tão somente gentileza despretensiosa; só a busca por uma vaguinha no céu. Quando podemos saber a diferença? Nunca! Talvez alguma luz, ainda que fraquinha e não confiável,vinda de um mapa astral ou aproximações interesseiras dos melhores amigos do "cara" possam direcionar alguma conclusão mais superficial, mas ainda assim tudo é só possibilidade e nada mais. Nada é certo. Nada é seguro.

Se eles estão realmente interessados em uma aproximação mais calorosa o "jeito-cara-legal-de-ser" é a deixa para a justificativa: "os sinais estavam lá o tempo todo. Você que não percebeu". Ponto pra eles. Se eles não estão interessados no amor que você tem pra dar vem o argumento: "Você entendeu tudo errado. Eu trato você bem porque sou legal. Desculpe". Ponto pra eles de novo. Até aí são 2x0 e você só tem mais uma vida, qualquer passo fora do lugar e GAME OVER!

Acho mesmo que nestas circunstâncias um guia ou um manual de sobrevivência seja necessário. Sugestão para títulos: CARAS LEGAIS: DECIFRE-OS OU ELES TE DEVORAM; CARAS LEGAIS SOB A PERSPECTIVA DOS CARAS LEGAIS; CARAS LEGAIS: MELHOR NÃO TÊ-LOS, MAS SE NÃO TEMOS, COMO SABÊ-LOS?; TRATADO SOBRE OS CARAS LEGAIS ou ainda CARAS LEGAIS À LUZ DA DIALÉTICA MARXISTA ou COMO NÃO SER OPRIMIDO POR UM CARA LEGAL. De verdade, solicito um estudo de caso urgente!Para o bem da nação e dos corações apaixonados e partidos. Essa é definitivamente uma causa humanitária.

sábado, julho 25, 2009

Sobre como ser um brócolis


"Você passou e riu. Me faz pensar que sim! Sempre quero alguém que jamais olhou pra mim"
VOCÊ TEM: GRAM

Ah! Então eu entendi tudo errado? Eu interpretei os sinais equivocadamente, foi isso? Droga, eu sempre recaio sobre os mesmos erros! Quer dizer que aquele filme que você sugeriu e me emprestou - que por sinal, detestei - não foi porque você queria saber minha opinião ou porque quis compartilhar algo pessoal comigo. E você tem namorada, não é? Não sabia! Quer dizer: eu não perguntei e você nunca disse porque não me deve satisfações, já que não faço parte da sua vida como supunha.
Nossa! Preciso sentar. Não sinto mais minhas pernas, o chão desapareceu sob meus pés e eu estou congelando. Tá frio aqui, não tá? Ou essa é só a estranheza do constrangimento? Eu me apaixonei de verdade por você, sabia? Por sua gentileza, seu senso de humor, sua inteligência. Só esqueci de averiguar se isso faria parte da sua realidade também! Esqueci de testar minha fantasia. Então era tudo platônico mesmo. Puta que pariu! Eu sempre faço isso, essa loucura toda. Tem um transtorno mental desse tipo, não tem? Erotomania, o nome, eu acho. Ou será que eu inventei isso também?
Bom. Já vou. Desculpa pelo incômodo e por minha oligofrenia, tá? A gente se vê. Ou melhor, não! É que vai dar trabalho desmontar o mundo lilás que construí pra nós dois: nosso noivado, casamento e tudo mais. Vai ser mais difícil com você por perto, entende? Não sejamos amigos, então. Preciso elaborar o luto. Vou fazer melhor, vou fingir que tudo isso não existiu. Refiro-me a essa conversa, porque o resto não existiu de fato. Eu nem sou humana!Eu sou um brócolis, na verdade. Já que, ao que parece, sou muito boa pra criar fatos e personagens, vou utilizar esse dom a meu favor pela primeira vez na vida. E não olha pra mim assim! Eu vou sobreviver. Eu sempre sobrevivo!

domingo, julho 19, 2009

Sobre rejeição e outros dilemas cotidianos


"Não foi capaz de sentir a dor de um não".
ANTES DO FIM: GRAM

E quem não tem medo da rejeição? Esse bicho-papão que não discrimina sexo, raça, auto-estima, religião ou situação econômica. Tiram-se do bolo dos medrosos apenas os narcisistas (pelo menos aparentemente, já que ao que todos os referenciais inconscientes e crenças disfuncionais indicam, eles têm bem mais medo do que nós; os inseguros e mortais).

No fim das contas, todo ser humano, em menor ou maior grau, tem medo de não conseguir suportar um não, um abandono, um "não te quero, gato(a)" e tenta se defender a qualquer custo; seja agindo como um louco sufocador ou mantendo tudo o que é de ordem afetiva com distância e indiferença.

Rejeição é um monstrinho difícil de suportar em qualquer circunstâcia. Se é você quem rejeita a culpa consome todos os seus pensamentos e tudo o que passa por sua cabeça são idéias de auto-flagelação por magoar o próximo (para os não-perversos e cristãos, nessa ordem, ou não) do tipo: "eu não sou uma boa pessoa"; "eu não mereço uma boa pessoa"; "eu mereço queimar no fogo do inferno". Você até preferiria ser a pessoa rejeitada pra se livrar do peso do remorso se não fossem as recordações do quanto se sofre quando não lhe querem, quando a reciprocidade não faz parte de sua vida, e neste caso, os pensamentos recorrentes são de total desprezo por si mesmo, tais como: "eu nunca fui amado(a)"; "eu sou a escória da humanidade"; "Porra! Até o Príncipe Charles tem alguem que diz amá-lo e eu não".

Moral da estória: com rejeição não se brinca! É uma massacre impiedoso. Mas há um jeito de evitá-la: afastar-se de toda experiência afetiva existente e viver como um fungo ou uma ameba, ou qualquer ser vivo, porém, descerebrado e sem consciencia de sua realidade. Por outro lado, caso você seja corajoso, pode ir fundo, sem reservas, como um bêbado dirigindo um caminhão no escuro e viver suas experiências sem pensar no que vem depois, sem pensar no coração partido e remendado milhões de vezes, sem pensar na desidratação que será consequência de todas as lágrimas vertidas por um ser-sem-coração, sem calcular nenhum dano iminente. Talvez esteja aí a graça de viver: a emoção de sempre ter que escolher entre se preservar e exixtir miseravelmente ou viver intensamente, mas cheio de fraturas expostas. Infelizmente não se pode ter tudo nessa vida!

sexta-feira, julho 10, 2009

O eterno retorno..

Sei que isso aqui está entregue às moscas. É que passei uns dois anos no ostracismo, escrevendo textos estritamente científicos e necessários à minha formação profissional. Tudo por mero interesse acadêmico. Acho que perdi o tom, a destreza em escrever por prazer e diversão. Também passei dois anos duvidando das minhas supostas habilidades para a escrita e confesso que foi uma forma indolente de racionalizar o abandono a este espaço do qual gosto tanto. No entanto, refletindo um pouco sobre a arte de entreter os outros com palavras, comecei a questionar um pouco mais que o habitual essa minha insegurança paralisante e cheguei a linda conclusão de que eu não preciso me enquadrar ao perfil Gabriel García Márquez pra poder manifestar meus pensamentos mais absurdos e desnecessários (até mesmo porque seria muita pretensão da minha parte e ainda me sobra bastante humildade pra admitir que eu não chegaria a unha de seu dedão do pé esquerdo nem em cem anos...de solidão – perdão pelo trocadilho infame). Agora voltando ao foco e raciocínio: pensando bem eu até tenho alguns atributos tímidos. Então, se eu tenho imaginação para pensar sobre as coisas mais absurdas do universo, gosto de escrever sobre elas, sei até um par de regras de português e às vezes utilizo minha criatividade a meu favor. Sim! Eu sou uma escritora também! Não da maneira glamurosa e intelectualmente estimulante. Não com aquelas frases de efeito que fazem seu cérebro virar ao contrário dentro do crânio e te deixam umas duas semanas pensando sobre o sentido da sua existência. Não que eu escreva coisas que vão ser citadas no status do msn pra impressionar. Mas eu posso proporcionar às pessoas que venham a se identificar com alguma baboseira escrita um sentimento de pertença a um mundo, por vezes, tão inadequado. E é diante desta perspectiva política e altruísta que retorno (de verdade) ao meu espaço de divagações e compartilhamento das agruras da vida real. Mais uma vez ressurgida das cinzas da minha preguiça, saio da fase de latência para proporcionar diversão e crescimento...a mim mesma. Por que não?