terça-feira, agosto 31, 2010

Sobre variações do mesmo tema

Quando o Transtorno Dissociativo de Identidade deixa de ser uma doença para se tornar um recurso possível para o enfrentamento da realidade? Quando quem somos não dá mais conta de sustentar nossa sobrevivência. No fim das contas, todos nós carregamos personagens que se manifestam conforme a necessidade. Isso é a fluidez da(s) identidade(s). Isso é experimentar. Isso é ser outra pessoa mais interessante pelo menos uma vez na vida. Pra se ver como a biografia de uma pessoa pode ser mais movimentada e povoada que um [] Estado [de espírito/etílico].


ALTEREGO MANIFESTADO COM UMA DOSE DE CACHAÇA
Paolita Dorantes é vivaz, irônica e culta demais para uma menina da sua idade. É filha de exilados políticos, nasceu no Chile, mas mora em Cuba há 8 anos. Tem 10 anos de idade e 100 de experiência. Tem o perfil de típica garota prodígio, a futura mulher à frente de seu tempo. É subversiva, tem um humor ácido, uma sagacidade acima do normal e seria um modelo de luxo comparado á Maisa do SBT. Seu código de honra ainda está em formação, mesmo assim, não admite qualquer lei ou regra que a coloque em situações de submissão e opressão. Certamente será a cidadã que dará uma nova “roupagem” ao movimento feminista, fazendo deste um movimento revolucionário por lutar pelos direitos da mulher sem precisar queimar roupa íntima em praça pública (só as de cor bege porque são muito demodé) ou descer do salto. Suas referências socialistas são flexíveis e modernas e a fazem crer que certas lutas pelas mulheres podem ter um toque feminino e consciência fashion, que a resposta não está nos extremos, pois a história também se realiza nos meios termos e que mulher nenhuma deve ser oprimida por querer se sentir bonita, já que a fórmula beleza+inteligência é possível. Não gosta de desenhos animados, pois acredita que isso seja uma forma de alienação promovida pela mídia, porém, abre uma exceção para o Charlie Brown. Prefere ver documentários ou ler porque não se apreende cultura por osmose. Ainda se encontra em fase de latência e nunca se interessou por nenhum homem depois de Che. Em sua lápide estará escrito: “Endurecer sin perder la ternura es imposible”.

O EGO TITULAR, ESPREMIDO ENTRE AS DUAS VIDAS QUE DESEJARIA TER:
Janna Érica tem alma cinza e chuvosa. Quase todos os dias fuça os escombros da alma pra resgatar sua autoestima. Tem 27 anos a caminho dos 18. É menos interessante e mais imatura do que gostaria de ser. É uma sobrevivente, na verdade. Ainda sustenta suas crenças amarradas a um fio tênue de esperança e defesas egóicas. Dificilmente se abre a relacionamentos possíveis, sempre escolhe as pessoas erradas e nunca se permite fazer qualquer coisa que critique com veemência, como se submeter às regras alienadas de um namoro não saudável, só pra não ferir sua teimosia. Gosta de homens gentis, articulados e bem humorados. Odeia intelectuaizinhos burgueses, mas já nutriu uma paixão platônica quase enlouquecedora por um. Já feriu seu código de honra três vezes só pra não ficar sozinha. Possui uma Erotomania crônica que se manifesta a cada dez anos, quando se apaixona ensandecidamente por personagens ou por figuras ilustres do universo artístico e redes sociais. Traz consigo uma carência obsessiva e sufocadora e senso crítico aguçado que beira à insatisfação crônica. Pensa que sabe escrever. Na verdade, investe em algumas crenças mais ou menos funcionais pra não sucumbir ao marasmo e desconforto do mundo. Gosta muito de música e cinema, mas não entende nada do assunto, sendo de seu interesse qualquer citação encontrada numa cifra ou diálogo que sirva de referência pra vida. Em sua lápide estará escrito: “A que nunca deixou de acreditar na Grande Abóbora”

ALTEREGO MANIFESTADO DEPOIS DE UMA CAIXA DE CERVEJA:
Juanita Cambalacho tem alma colorida, com doses de exagero, sal e pimenta. É mais atraente do que qualquer mulher sonharia em ser. Usa toques de sarcasmo apenas para temperar o destempero e porque isso a mantém jovem. É sedutora por convicção e autoestima elevada. Não tem idade definida, pois acredita que o mistério seja o segredo do seu charme e porque isso a impossibilitaria de “pegar” meninos mais novos sem ser julgada ou acusada de pedofilia. Gosta de homens inteligentes, poderosos e saudáveis mentalmente, pois não gosta de perder tempo com neuroses desnecessárias. Não possui código de honra algum, pois acredita que toda e qualquer regra restrinja sua liberdade no mundo. Músicas que não saem da sua cabeça: bolero e todas as músicas da Célia Cruz. Geralmente, não se apaixona. Já teve seu coração partido uma vez, mas não experimentou outras desilusões antes que ela mesma partisse outros corações pra saber qual a sensação que fica. Não desperdiça tempo com dores da alma, ressentimentos ou afetos mal resolvidos. Não sonha em casar e ser mãe, pois seu coração é do mundo, a quem é fiel até a morte. Suas convicções podem justificar qualquer atitude tomada como egoísta e perversa. Sua forma de defender sua visão de mundo seduz só pela firmeza e autenticidade. Lida com os infortúnios sem levar um mol de amargura no coração, pois esbanja doçura até em seus atos mais absurdos. Em sua lápide estará escrito: “Azucaaaaaaaaaar”.

2 comentários:

Anônimo disse...

Absurda você! Pena a pouca frequência com que escreve e sim, como escreve!!! Me dá teu endereço pra que eu possa mandar-te 10 alambiques de cachaça branca! Rsrsrs. Bjos

Raimundo Neto disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!

A-D-O-O-R-E-I!

Somos nós!

E tu tá a cada dia melhor!

Beijo!